RESUMO Com ancestrais célebres como os salões franceses e os grupos de estudos de mulheres nos EUA, os clubes de leitura englobam pessoas que compartilham os resultados de uma experiência solitária. Além disso, as reuniões periódicas auxiliam aqueles que querem preservar o costume da leitura ou os que desejam adquiri-lo.
Com múltiplos narradores, fluxos de consciência e suporte não linear, o romance escrito pelo americano na década de 1920 não é nada fácil. Os imensos pontos de vista tornam arriscado até já fazer um resumo da história, e não à toa gráficos acessíveis na internet tentam acudir a compreender quem é quem e que papel desempenha na trama.
Mas ali, naquele menor grupo, todos se lembram de detalhes do enredo e de características dos personagens, apesar de que não faltem menções à complexidade da obra. Os membros do clube de leitura Jardim Alheio se reúnem mensalmente, a todo o momento às quartas-feiras, pra conversar durante duas horas a respeito de um livro definido em cronograma semestral. Setenta por encontro para bancar o aluguel daquela sala em um prédio comercial na estrada Paulista.
Wagner Nobrega Gimenez, 63, funcionário público aposentado. A seleção dos livros fica a cargo de Vivian Schlesinger, 61, escritora, bióloga e professora aposentada que faz a mediação de clubes de leitura há cinco anos. Hoje atuando em cinco grupos, ela descreve o que parece ser um círculo virtuoso: no momento em que os participantes percebem que a conversa se intensifica o entusiasmo da leitura, eles sentem-se mais estimulados a ler e a dirigir-se aos encontros. De acordo com ela, a motivação mais comum é o desejo de retomar um hábito perdido.
Schlesinger, que neste instante foi jurada do Prêmio Jabuti. Os membros dos clubes ressaltam o quanto gostam do que se torna coletivo numa atividade geralmente solitária: questões sobre isso o enredo, impressões a respeito de dos personagens, paralelos com outros títulos que qualquer um imediatamente conhecia, emoções despertadas na obra. Luzia de Maria, professora aposentada da Universidade Federal Fluminense.
Todo incentivo é bem-vindo num nação em que 27% da população de 15 a 64 anos é analfabeta funcional e onde se lê pouco. A inexistência de leitores no Brasil foi o que levou Leticia Pimenta a fazer o Clube do Livro BH, na capital mineira, que agrega mais de 200 pessoas em cada um de seus encontros, efetuados bimestralmente. Teu funcionamento é típico.
Divulga-se um foco, não o nome de um livro; na reunião, discutem-se em torno de 10 títulos, de diferentes gêneros. Kim Doria, 29, coordenador de divulgação e eventos da editora Boitempo, ressalta o que lhe parece "um porte encantador dos clubes de leitura: promover encontros". Tendo sido mediador de dois clubes em São Paulo, ele considera "mágico e transgressor motivar gente a sair de dentro de casa para bate-papos descontraído sobre o assunto livros". Não existem dados gerais sobre isso clubes de leitura no Brasil. Nos Estados unidos, no entanto, estima-se que cinco milhões de pessoas integrem esses grupos. E mais: procura de 2015 da revista "BookBrowse" mostra que 57% das pessoas com mais de 25 anos que leem ao menos um livro por mês participam de no mínimo um clube de leitura.
A tendência é de alta. Muitos creditam a Oprah Winfrey o crescimento dos clubes de leitura nos últimos vinte anos. A apresentadora americana mais famosa construiu o Oprah's Book Club em seu programa, em 1996. Convidados, inclusive o autor, reuniam-se para dividir histórias pessoais e ceder tua visão sobre o livro.
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